segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Porto Murtinho: Limita-se com os municípios de Ladário, Miranda, Bonito e Bela Vista

Porto Murtinho é banhada pelo Rio Paraguai, situado na fronteira com a República do Paraguai. A cidade é conhecida principalmente pelo turismo de pesca. O ecoturismo chegou em Porto Murtinho devido suas belezas naturais e a biodiversidade do Pantanal sul matogrossense.

Possui hotéis especializados em atender o turista, oferece infra - estrutura para pesca esportiva e para o ecoturismo.

A cidade tem um forte elo histórico - cultural, e grande importância nas questões relacionadas aos acontecimentos da Guerra Brasil - Paraguai. É visível e preservado seu patrimônio como as igrejas, antigos casarões, as festas regionais e manifestações culturais. Na região há a reserva indígena dos índios Kadiwéus, população ainda típica do Estado do Mato Grosso do Sul.

Porto Murtinho faz parte da Zona Baixada, integrando-se na bacia platina banhado pelo Rio Paraguai. Limita-se com os municípios de Ladário, Miranda, Bonito e Bela Vista, servindo ainda de fronteira Brasil com a República do Paraguai. Esta a 415 Km de Campo Grande.

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Fonte:

Texto: Portal EcoViagens



domingo, 25 de novembro de 2007

Porto Murtinho busca reativar a Associação Comercial




Sexta-feira, dia 23 de Novembro de 2007 às 18:00hs


Com o objetivo de reativar a Associação Comercial de Porto Murtinho, a prefeitura, através da Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Turismo, realizou, na semana passada, uma reunião para tratar do assunto.

A presidente da Associação Comercial e empresarial de Aquidauana, Marina Nogueira, expôs as ações daquela entidade e a forma de atuação junto ao empresariado daquele município e do seu entorno.

Além de sugerir as mudanças necessárias para a reativação e a importância da existência de uma Associação Comercial.


Abordando assuntos de interesses da classe empresarial, Marina Nogueira, buscou estimular a reativação da entidade de classe em Porto Murtinho e ressaltou que: "A iniciativa do prefeito Nelson Cintra (PSDB) em buscar formas de reativar a Associação Comercial local é louvável e mostra a visão do administrador público, que sabe da importância vital, da existência da entidade em seu município".

Na abertura da reunião, a secretária municipal de Indústria, Comércio e Turismo, Vivian Cruz, fez uma exposição das ações de sua pasta, que com o apoio da Prefeitura, desenvolveu no sentido de estimular a atividade comercial e de turismo, na busca de geração de emprego e renda.


Ações como os eventos que movimentaram a cidade ao longo destes cerca de três anos de gestão da atual Administração Municipal, como a realização do Carnaval, Aniversário da Cidade, Porto Murtinho Only Harley, Festival Internacional - Cultura Turismo e Pesca, Encontro das Artes, Festival de Teatro de MS, Congresso Estadual de Vereadores e o evento religioso "Abençoando Porto Murtinho". "Temos procurado ser parceiros do comércio local, porque entendemos que é necessária a existência de uma entidade representativa da classe, que nos cobre, nos estimule neste sentido, pois, o setor comercial ativo e organizado pode gerar recursos que são aplicados em prol da melhoria do município, inclusive estimulando a nossa responsabilidade social", ressaltou o prefeito Nelson Cintra.

Na reunião, também foi tratada a questão da reorganização da Colônia de Pescadores Z-06, como uma das formas de estimular o setor de pesca e do turismo, ao mesmo tempo em que se considera um importante setor da atividade comercial local.


Fonte: Aquidauana News
http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=117451

sábado, 24 de novembro de 2007

Dia Nacional da Consciência Negra e o relato de um episódio de racismo, ocorrido em Porto Murtinho

Em nosso comentário, ao final do discurso do Senador Paulo Paim, encontra-se o relato de um episódio de racismo, ocorrido com um cidadão respeitável de Porto Murtinho, o Sr. José Ferreira, comerciante nessa cidade, tendo exercido o cargo de Delegado de Polícia.

A seguir, a íntegra do discurso do Senador Paulo Paim, no Senado da República, em alusão ao Dia da Nacional da Consciência Negra:

20/11/2007

O Dia Nacional da Consciência Negra

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Senadores.

Hoje, dia 20 de novembro, marca a morte de um grande herói brasileiro: Zumbi dos Pslmares.

A data foi transformada no Dia Nacional da Consciência Negra.

Queremos lembrar que muitas cidades já transformaram o dia de hoje em feriado local.

Segundo dados da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), são 267 municípios.

Entre eles temos quatro capitais: Cuiabá, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo.

Senhoras e senhores senadores,

Quando apresentamos o PLS 302/04, que institui o dia 20 de novembro como feriado nacional, falamos em uma data para debates contra toda e qualquer forma de discriminação e preconceito.

Uma data em que pudéssemos discutir formas de eliminar o preconceito contra negros, índios, imigrantes, mulheres, idosos, crianças, entre outros.

Um dia para promover a igualdade entre todas as pessoas, independente de procedência, gênero, orientação sexual, religião.

Algumas pessoas discordaram da idéia alegando que o Brasil é um país miscigenado e que preconceitos e discriminações não existem.

Para mostrar que essas pessoas estão enganadas, passamos a comentar aqui a novela “Duas Caras”, da Rede Globo...

... que, entre outros temas, vem trabalhado com o racismo, a diferença de classes, a livre orientação sexual.

Vamos começar citando parte de um diálogo:

“- Eu sinto muito, mas eu também não vou poder continuar.

- Descendo do muro deputado?

- Muro? Muro Barreto? Eu sou judeu. Eu não posso correr o risco de ser o próximo na sua lista. Vá que você se empolgue e comece uma daquelas matanças.”

Senhoras e senhores senadores,

Recentemente a novela “Duas Caras”, apresentou uma cena que certamente vai entrar para a história da televisão brasileira.

Nela o personagem Barretão (Stênio Garcia) ofende de forma direta e dura o personagem Evilásio (interpretado por Lázaro Ramos).

Mostra todo seu preconceito racial e social em relação aos negros e aos moradores de comunidades pobres.

Mas, mais que isso. A cena também nos mostra as diversas reações dos demais personagens.

Vemos com perfeição a interpretação de diversas formas de racismo. Desde o escancarado até o velado.

De mesma forma, temos a representação daqueles que não admitem discriminações.

O diálogo acima ocorreu entre os personagens Barretão e o deputado Narciso Tellerman (Marcos Winter).

Citamos esse trecho porque ele resume a idéia central da cena: os preconceituosos não têm preconceito apenas em relação a uma coisa.

Ao contrário, a discriminação se estende a diversas áreas.

Senhor presidente,

Lembramos essa cena porque consideramos de grande importância usar a Arte para lutar pelo fim dos preconceitos.

As diversas manifestações artísticas educam. Certamente todos ficaram pensando no comportamento mostrado na novela.

Prova disso é a repercussão da cena no país inteiro.

Assistimos na semana passada uma entrevista com o ator Stênio Garcia e ele dizia que ao receber as falas ficou constrangido e pensou: “puxa, terei de falar isso para meu grande amigo?”.

A ele doeu ter de usar os termos ditos por seu personagem. O preconceito dói àqueles que não o tem.

Porém, o uso de tais termos é que possibilitou o debate. Ao usar ofensas que nós, negros, já ouvimos muitas vezes, o autor da novela nos mostra uma dura realidade:...

... mostra que o país é racista e que isso precisa ser mudado.

Pouco a pouco o véu que cobre os olhos de alguns vai caindo.

Aos poucos o mito de um país em que a miscigenação é aceita sem reservas cai por terra.

E isso é excelente, pois dessa forma avançamos.

Senhor presidente,

A atriz Débora Falabella, branca, interpreta a personagem Júlia e em diversas cenas aparece beijando com muita paixão e amor o personagem de Lázaro Ramos, negro.

Em entrevistas a jornais neste fim-de-semana, ela revelou ter ficado chocada com a reação das pessoas, inclusive pessoas próximas a ela e sua família.

Ou seja, brasileiros que até então escondiam suas posições.

Leio aqui somente dois parágrafos da entrevista concedida ao jornalista Márcio Maio:

“P - Em Duas Caras você interpreta uma menina rica que se apaixona por um homem negro e favelado. O que as pessoas comentam sobre essa história nas ruas?

R- Quando comecei a gravar a novela, tinha uma outra idéia de como o público poderia se manifestar sobre esse relacionamento.

Interpretei, em ‘Senhora do Destino’, a Maria Eduarda, que se envolvia com um homem da Baixada Fluminense e vi que existe um preconceito social forte.

Mas agora fiquei um pouco desapontada. Eu achei que essa questão racial não se destacaria.

P- Você ouviu comentários preconceituosos pelo fato de Evilásio ser negro?

R- O que mais me espanta é que muitos comentários saíram de pessoas conhecidas e próximas à minha família.

Pessoas que, se não fosse por eu interpretar uma personagem assim, não se manifestariam dessa forma comigo.

É triste porque isso significa que os negros ainda sofrem e que essa história de que o preconceito acabou só está na ficção.

Mas, ao mesmo tempo, isso motiva a gente, porque é muito gratificante saber que a história incomoda uma parte das pessoas.

Fico muito satisfeita por poder, de alguma forma, ajudar a sociedade a repensar certos conceitos.

É um outro jeito de fazer novela, diferente de tudo que já fiz na tevê.”

Senhoras e senhores senadores,

Nesta data, Dia da Consciência Negra, a maioria das pessoas - e nós estamos entre elas -, sempre fala a respeito da diferença social e econômica entre os negros e os não negros.

De fato essa disparidade ainda existe e é bastante significativa, porém hoje quero falar a vocês a respeito de nossos avanços.

A forma como a novela “Duas Caras” trata o racismo é um avanço.

E continuando no campo televisivo, queremos parabenizar a TV Câmara. Ela dedicou um programa sobre a questão racial e foi além: ...

... solicitou à população o envio de e-mails e telefonemas aos deputados perguntando a razão da não aprovação do Estatuto da Igualdade Racial.

No campo das artes cênicas, a cada dia temos mais atores e atrizes negros interpretando papéis de protagonistas.

E, é bom ressaltar que muitos desses papéis visam alertar para a problemática da desigualdade social e racial. Tal como o exemplo que citamos no início de nossa fala.

E, não nos enganemos, nosso povo percebe isso. Os autores de peças, filmes, novelas, comerciais, também.

Isso sem falar em cantores, compositores, escritores e tantos outros artistas negros que têm conseguido se destacar e servir de exemplo.

O exemplo é importante e precisamos dele em todas as áreas, em todos os campos. Nossos jovens precisam ter em quem se espelhar.

O exemplo nos ajuda a resgatar a auto-estima do povo negro.

É inegável, temos avanços. Porém, temos de avançar mais, muito mais. A palavra é coragem. Que a energia de nossos antepassados nos guie nessa caminhada.

Senhor Presidente,

Um outro avanço é a posição que esta Casa tem tomado em relação a diversas matérias.

Tivemos a aprovação, por unanimidade, de nosso projeto que institui o Estatuto da Igualdade Racial.

Uma matéria que prevê, entre tantas outras coisas, o acesso universal e igualitário ao Sistema Único de Saúde; ...

... o respeito às atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer; o direito à propriedade definitiva de terras para remanescentes das comunidades quilombolas;...

... o reconhecimento do direito à liberdade de consciência e de crença; a instituição de cotas nos mais variados segmentos.

O Estatuto está na Câmara dos Deputados. É verdade que a matéria ainda não foi apreciada lá, porém,...

... no próximo dia 26 será realizado um grande debate sobre o tema.

O Plenário da Câmara dos Deputados será transformado em uma Comissão Geral. E aqui gostaríamos de cumprimentar o presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia, por esse ato.

Outro ponto que merece destaque foi a aprovação, também pelo Senado, de nosso projeto que define os crimes resultantes de discriminação e preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem (PLS 309/05).

Hoje essa matéria está na Câmara sob relatoria da deputada Janete Pietá (PL 6418/05).

O Senado também avançou ao aprovar outras duas matérias de nossa autoria: o PLS 302/04 que institui o dia de hoje como feriado nacional. Matéria que hoje tramita na Câmara sob o número PL 5352/05;...

... e o PLS 225/07 que institui 2008 como "Ano Nacional dos 120 anos de Abolição não conclusa”.

Apresentamos também o PLS 241/07 que incluí João Cândido, o Almirante Negro, entre os Heróis da Pátria.

Senhoras e senhores Senadores,

Entre esses avanços que estamos elencando, também precisamos destacar o número de negros em cargos do primeiro escalão.

Ainda não é o que desejamos, mas não podemos negar que há um progresso.

Temos pessoas negras em todas as esferas: Legislativo, Executivo e Judiciário. São senadores, deputados, ministros e juízes.

O mesmo acontece em relação aos órgãos de estados e de prefeituras e com as Forças Armadas.

Sabemos que o número de alunos negros em universidades ainda é pequeno, mas, por outro lado, o Brasil já tem mais de 50 instituições de ensino superior nas quais a política de cotas foi adotada.

E, vejam só, isso antes mesmo de uma aprovação, em âmbito nacional como queremos, do PL 73/99, de autoria da deputada Nice Lobão...

... e da PEC 2/06, de nossa autoria, que institui o Fundo de Promoção da Igualdade Racial.

Esperamos que essas matérias sejam aprovadas, assim como o Estatuto, pela Câmara e pelo Senado.

Vemos de forma positiva a reação da sociedade no incidente em que alunos africanos da Universidade de Brasília (UnB) tiveram seus quartos incendiados.

A sociedade brasileira, a universidade e o Senado ficaram ao lado desses alunos.

Pelo vergonhoso ato racista de alguns o Senado pediu desculpas em nome de todos os brasileiros.

Temos também a Lei 10.639 de 2003, que determina a inclusão da temática "História e Cultura Afro-Brasileira" no currículo da Rede de Ensino.

É de fundamental importância que nossos jovens saibam a verdadeira história do povo negro na formação do país.

Não podemos apenas mostrar os negros como escravos, como mão-de-obra. Temos de mostrar o que sofreram e suas diversas contribuições para a formação do povo brasileiro.

Senhor Presidente,

É um avanço a política adotada pelo governo Lula que, além de criar a Secretaria Especial de Políticas para a Igualdade Racial, ...

... tem-se preocupado em visitar os países africanos, tem-se preocupado com nossos remanescentes quilombolas e tem defendido as políticas afirmativas.

Hoje tivemos o Lançamento da Agenda Social Quilombola, uma ação do Programa Brasil Quilombola.

A idéia é assegurar aos remanescentes de quilombos o que determina a Constituição, ou seja, direito à preservação de sua cultura e identidade, assim como o direito à titulação das terras ocupadas.

Como disse em entrevista à TV Câmara o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, negar a existência de comunidades quilombolas é negar o passado de escravidão e de luta da nação negra no Brasil.

Senhoras e senhores,

As coisas que elencamos aqui não significam que o Brasil é um país perfeito no qual todos convivem em plena harmonia. Não.

Com isso que dizemos não queremos vender a imagem de que no Brasil tudo está bem.

Sabemos que não está. O que queremos é mostrar que vale a pena lutar. Vale a pena resistir.

Queremos que os conservadores e os racistas entendam que apesar das dificuldades, estamos avançando. Jamais recuaremos.

O que pretendemos é mostrar a cada um dos brasileiros comprometidos em buscar a igualdade, sejam negros ou não, que os avanços são possíveis.

E, sendo assim, não devemos desistir de conquistar nossos direitos jamais. Jamais!

O que hoje nos parece pouco, um dia será muito. E aí sim, quando esse muito for alcançado, comemoraremos.

Olharemos para trás e não entenderemos como, um dia, tudo foi tão diferente.

Senhor Presidente,

Há uma frase que diz: “a gente vê aquilo em que acredita”.

Isso é verdade. Se Zumbi, herói que marca esse dia com sua morte, não tivesse acreditado em um mundo melhor para os escravos, não estaríamos aqui.

E não apenas ele, diversas outras pessoas, anônimas ou não, acreditaram em seus ideais e em seus sonhos.

E é esse “acreditar” que nos impulsiona e nos faz conquistar melhores condições de vida.

Não queremos mais ler notícias nas quais vemos que entre cem mil homens negros, a taxa de mortes por homicídio nos últimos oito anos aumentou de 52 para 61.

Não queremos mais indicadores escolares que nos mostrem que os negros têm menos anos de estudo que os brancos.

Não queremos mais ver que nas questões trabalhistas os negros continuam tendo salários mais baixos, mesmo quando a qualificação é a mesma de não negros.

De acordo com o Dieese, os negros chegam a ganhar metade do salário recebido por não negros.

Não queremos mais ver que, quando os salários se aproximam dos de não negros, o desemprego entre os negros aumenta. Isso, principalmente entre as mulheres negras.

Não queremos mais que, por terem piores condições sociais e de escolaridade, os negros tenham também piores condições de acesso à Saúde.

Senhoras e senhores senadores,

Esse quadro nos mostra que o preconceito é ainda muito forte no país. Porém, acreditamos que isso vai mudar.

Temos de ter muita fé. A vitória custa, mas virá.

Ações como as que estão acontecendo hoje em diversas localidades do país comprovam isso.

Um dia transformaremos nossa sociedade. Sabemos que um dia ela se tornará, de fato, igualitária, justa.

Ninguém pode apagar o passado de nosso país. Esse passado se reflete no presente e somente com a sabedoria da experiência poderemos projetar um futuro onde todos sejam realmente iguais.

Era o que tinha a dizer,

Senador Paulo Paim - PT/RS

http://www.senado.gov.br/web/senador/paulopaim/pages/pronunciamentos/2007/20112007.htm


COMENTÁRIO DO BLOG:

Com este retrato, de corpo inteiro, do preconceito racial no Brasil, o Senador Paulo Paim dá prosseguimento à sua luta, sem trégua, contra esta nódoa que enxovalha nossa bandeira, assim,expressa pela voz ardente de Castro Alves, em Navio Negreiro:

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...


Relato algumas das minhas vivências pessoais sobre o preconceito racial:

Em 1960, tendo concluído o Curso de Oficial Dentista na Escola de Saúde do Exército e fui, no início de 1961, servir em Aquidauana, no glorioso 9o. B.E.Comb., unidade integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que escreveu páginas de glórias nos campos gelados da Itália, tendo sido a primeira unidade, do nosso Exército, a receber o batismo de fogo e, agora, um seu contingente está prestes a seguir para o Haiti, em missão de paz, da Organização das Nações Unidas (ONU), como temos publicado em nossos blogs, intitulados: "Tribuna de Aquidauana, Plantão Militar, Brasil Oeste e Organização das Nações Unidas.

Um dia, viajando em avião da FAB, chegou ao quartel dessa corporação, em visita de inspeção, o então Comandante da 9a. Região Militar, sediada em Campo Grande, General Matos, se não me falha a memória, João Baptista de Matos era seu nome completo.

Após os procedimentos de serviços, o General Matos foi almoçar conosco, no Cassino dos Oficiais, quando ele, em conversa informal, se referia ao preconceito racial, ocorreu a pergunta de um dos Oficiais:

Diante deste quadro, quais foram suas dificuldades, para se tornar um General de Divisão?

- Vocês nem imaginem os preconceitos que enfrentei, tanto mais, sendo casado com uma mulher negra, como esta que aqui se encontra!

O autor do blog tem experiências especiais a relatar.

Certo dia minha mãe revelou que uma das minhas tias, quando conheceu minha esposa, a Professora Rosalda Paim, uma das mais expressivas personalidades da enfermagem brasileira, exclamara:

- "É essa nigrinha que é a mulher do Edson! Ela pronunciou "nigrinha", mesmo, com propósito de reforçar o seu sarcasmo.

Durante o curto período em que residimos em Aquidauana, até eu ser atingido pelo primeiro Ato Instituicional, em 1964, Rosalda exerceu, competência e dedicação, os cargos de Professora de Matemática, Filosofia e Biologia, no Ginásio Imaculada Conceição (das freiras), na Escola Normal Jango de Castro e no Colégio Estadual Candido Rondon, sendo uma das mulheres mais cultas do seu tempo. em Aquidauana e figurando entre os poucos professores qualificados para o magistério secundário, uma vez que é formada pela Faculdade Fluminense de Filosofia, em 1957, quando já possuia o curso de Enfermagem, na Escola em que exerceu o magistério superior por quase meio século e, de onde recebeu o título de professora emérita.

O próprio Senador Paulo Paim, um dos mais competentes, éticos e operosos representantes do povo, na Câmara e, agora, no Senado, certamente sofreu na "carne" o preconceito racial, até chegar onde chegou, pois a coisa não deve ser muito diferente no seu Estado - o Rio Grande do Sul, - também, a terra de meus avós paternos e de meu pai(eram de Santa Maria da Boca do Monte), de onde partiram em 1910, chegando ao, hoje, município de Bonito - Mato Grosso Sul.

Meu avô materno, também, era gaúcho.

A minha admiração pelo Rio Grande do Sul me levou a escolher uma unidade de Artilharia, sediada em Santa Maria (Primeiro Grupo do 6o. Regimento de Artilharia), após a conclusão do Curso de Mecânico de Rádio da Escola de Comunicações do Exército.

Na proximidade da partida, conheci a Rosalda, com quem estou casado há 51 anos e, na ocasião, fui "obrigado" a trocar por outro, o meu amor pela terra gaúcha, obtendo a a retificação da da minha transferência para o Primeiro Grupo de Canhões Automáticos Antiaéreos 40, localizado próximo da Quinta da Boa Vista.

Lá tive como Comandante imediato o Capitão Wiliams Stockler Pinto, tendo operado a estação de rádio, situado no jeep do comando, dirigido pelo seu sargenteante, Sargento Wilson, quando a Sub-Unidade que ele comandava, a Primeira Bateria, ficou estacionada em frente ao Palácio Duque de Caxias, na Quinta da Boa Vista, foi designada para dar proteção anti-aérea ao então Quartel General do Exército, durante o período que antecedeu a morte do Presidente Getúlio Vargas.

Nomeado pelo Presidente Café Filho para assumir o Ministério do Exército, o General Henrique Dufles Teixeira Lott, convidou o Capitão William para seu Ajudante de Ordens, tendo este se afastado do nosso convívio.

Só voltei a encontrá-lo uma vez, quando o destino já havia nos unido, novamente, agora como vítimas do arbítrio, imposto pelo Golpe de 1964: o Marechal Loot, o General Antonio Henrique Almeida de Moraes (que como Coronel, comandara o Grupo em que servimos), o Coronel Wiliiam e eu.

Orgulho-me de ter sido incluído entre estes e os Generais Crisantho Miranda de Figueiredo, Euclides de Jesús Zerbini, Ladário Pereira Teles, os Coroneis Jeferson de Alencar Cardim Osório, Eduardo Chuay e Lauro de Almeida Mendes, Sargentos Afrânio Santana e Prazeres, além de uma pleiade de civis, dos quais tratarei oportunamente.

Devo, ainda, mencionar o meu particular amigo, o ex-Deputado Federal e ex-Ministro da Saúde, Wilson Fadul, oficial médico, do Quadro de Saúde, da nossa Força Aérea, ex-Ministro da Saúde do Presidente João Goulart, teve seu mandato cassado e os seus direitos políticos suspensos porf dez anos, em 1964, quando era o virtual futuro Governador de Mato Grosso (em 1966), pois seria o candidato imbatível da coligação PTB-PSD, uma vez que o Senador Filinto Muller e outros líderes pessedista eram os avalistas da contrapartida do acordo que resultou na retirada da candidatura Fadul, em 1962, e na eleição do Governador João Ponce de Arruda e dos Senadores Filinto Muller (PSD) e Bezerra (PTB), tendo como suplente, o nosso amigo Humberto Neder, também proscrito pelo golpe de 1964.

Voltando ao caso do preconceito racial, vamos relatar um caso que ocorreu em
Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai, onde residi nos primeiros anos da década de 50, quando rolava a seguinte história:

Um cidadão gaúcho chegou à casa comercial do Sr. José Ferreira e ao avistar sua filha, atrás do balcão, exclamara:

Ah negrita, se fuera blanca!

Ela correu e foi chamar seu pai.

Este, ao chegar, ouviu a pergunta:

- Aqui que a casa do Luiz Pretinho?

- Luiz Pretinho não, eu me chamo Luiz Ferreira!

E a discussão prosseguia, quando o Sr. Luiz Ferreira, irado, disse:

- Eu exijo respeito, até porque sou o delegado!

- É... Só mesmo em Mato Grosso, negro é autoridade. Lá no Rio Grande, negro se compra por dois mil réis, para cuidar ovelha!

Nessa ocasião, ainda vigia o real antigo, como moeda nacional, cujo plural era "réis".

Outros fatos poderiam ser relatados, pois tive convívio intenso, do qual me orgulho, com meu sogro, o Capitão do Exército Valeriano Rodrigues da Cruz, filho de escravos, que chegou a Vitória, sem documentos, vindo da Bahia para Vitória e, dado a sua insistência em servir ao Exercito, foi acolhido pelo Comandante, passando a residir e trabalhar no Quartel, enquanto providenciava documentos e a chegada do dia da incorporação.

Assim, Senador Paulo Paim, estamos no mesmo "barco", pois sangue africano circula no coração, veias, artérias e no organismo inteiro de minha esposa, Rosalda Paim, de meus três filhos e, de nove netos, sem falar da miscigenação africana e índia de minha bisavó materna.

Senador Paulo Paim, prossiga em sua luta e conte conosco para divulgar seu trabalho, ainda que de maneira pálida!

Acesse o site do Senador Paulo Paim:

http://www.senado.gov.br/web/senador/paulopaim/pages/pronunciamentos/2007/20112007.htm

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Luiz Codorniz é condecorado com Comenda Dom Pedro I

Segunda-feira, dia 19 de Novembro de 2007 às 13:20hs
Toninho Ruiz

A loja maçônica Razão é Força de Porto Murtinho, subordinada a Grande Oriente, esteve em festa na última quinta-feira, dia 15, quando um de seus membros foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito Dom Pedro I. Os membros da Razão é Força se reuniram em sessão solene para render a homenagem a Luiz Augusto Miranda Codorniz, conhecido como Sr. Luluca.
Luiz Augusto recebeu a comenda Dom Pedro I pelo reconhecimento pelos importantes serviços prestados por mais de 50 anos dedicados à maçonaria universal em particular do oriente do Mato Grosso do Sul. A comenda foi outorgado pelo grão mestre Geral, o Soberano Laelso Rodrigues.
da qual Pouquíssima pessoas ligada a maçonaria do Estado foram condecorados com essa comenda, para se ter a idéia da importância da homenagem, em Mato Grosso do Sul tem 73 lojas maçônicas, apenas três membros da maçonaria foram condecorado com essa comenda, no Brasil todo foram 30 maçons. A comenda tem esse nome em homenagem a Dom Pedro I que foi o primeiro maçom a desembarcar no Brasil.
A loja maçônica de Porto Murtinho foi instalada no inicio do século passado, até na década de 70 tinha outro nome, mas a partir de 1978 a loja de Murtinho passou a se denominar de “Razão é Força”, o atual venerável (presidente) é Fernando Rodrigues, a loja possui atualmente 19 membros ativos.
Os filhos do homenageado Cláudio Augusto e Sônia Maria Codorniz agradeceram a homenagem que a maçonaria estava realizando. Recentemente Luiz Augusto foi acometido de Acidente Vascular Cerebral – AVC – esta recebendo tratamento, a doença interrompeu suas atividades na loja.


http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=117154



Comentário do Blog:

Conheci "Luluca", logo nos primeiros dias de janeiro de 1941, quando cheguei a Porto Murtinho, vindo da cidade de Miranda, indo morar na Fazenda "Amonguejá", à margem do Rio do mesmo nome, afluente do Rio Paraguai.

Esta fazenda era de propriedade da Florestal Brasileira S/A. da qual meu pai, Afonso Paim, era encarregado.

Saí de Miranda, em trem da Noroeste do Brasil, desembarquei em Porto Esperança, então, fim da linha e tive de esperar o "vapor" Ipiranga, por mais de uma semana, pois naquela época, os navios, que navegavam no Rio Paraguai, não tinham data certa de chegada, pois dependia de disponibilidade de carga para transportar, já que, no caso deste navio, carregava uma "chata" (barco cargueiro, sem motor) de cada lado da náu motora.

En Porto Murtinho, devido o caminho alagadiço, em época chuvosa, o melhor acesso ao "comércio" da cidade era através de chalana, descendo o rio Amonguejá, remando entre camalotes, passando pela "Ponta" (sítio localizado à foz desse pequeno rio, onde se situava a residência do Professor Bonifácio), navegando, a seguir, pelo Rio Paraguai, enfrentando ondas, provocadas por fortes ventos, em determinadas épocas do ano e, certas horas do dia.

Amarrávamos nossa canoa, no interior da Florestal Brasileira, a grande fábrica exportadora de tanino, então a base da economia de Porto Murtinho, ou nos dirigíamos ao porto da cidade, tendo, nas suas proximidades, a casa comercial da Marica e do José Pucu (a palavra pucu significa "comprido, em guarani) e o açougue do Tito Ayub.

Entre outros estabelecimentos comerciais de Porto Murtinho, existiam os do Sr. José Ferreira (o Luiz Pretinho) e do Sr. Donato Godoy, com quem tínhamos grande amizade e onde desfrutávamos de um "amargoso", como era designado o chimarrão que, ao lado do "tereré" era de consumo obrigatório, na fronteira com o Paraguai, hoje, hábito muito disseminado em Mato Grosso do Sul, competindo com o chimarrão.

A Florestal, como era habitualmente designada, tinha como Presidente e principal acionista o Dr. Armando Bordallo, residente no Rio de Janeiro, também, proprietário da Fabrica de Calçados Bordallo, a qual concorria com a Quebracho Brasil S/A, situada no porto do mesmo nome, à jusante de Porto Murtinho.

A rua principal de Porto Murtinho, a qual terminava no portão da Florestal, dirigida pelo cidadão português, Sr. Amadeu (Amadeu dos Santos e Silva), cujo escritório era dirigido pelo Sr. José de Mattos, no qual trabalhavam o Sr. Cledon, o Granja, o Sr. Santana (pai do Luíz Carlos Prestes Santana - o Lulun - que foi estafeta dos Correios e Telégrafos em Aquidauana), além de outros, como o português, Baltazar, Chefe do Almoxarifado, de quem me tornei auxiliar, em 1944 (com carteira assinada), juntamente com Félix Féres e Honório (ex-pracinha da FEB).

Ao referirmos à Florestal não é possível olvidar o nome do Engenheiro Dr. Eduardo Hodgson, responsável por toda a maquinaria da empresa, bem como de Antonio Neto de Mello, casado com minha tia Elisa, irmã de meu pai.

Sua filha, Cecília, residente em São Paulo, é casada com Baldomerito, cujo pai, Baldomero Cortada, era uma das personalidades mais expressivas das atividades econômicas murtinhenses.

Na referida rua, ficava a casa Codorniz, de propriedade do Sr Mário Codorniz (tio de Luluca) e da D. Carmem Cortada Codorniz (irmã do Sr. Baldomero Cortada) cujos filhos se chamavam Estela, Sérgio, a Nélida Rosa e o Mário Filho (o Maroco).

Nesse estabelecimento costumávamos adquirir "provista" (em linguagem local e da época) para a fazenda).

Próximo desse armazém, se encontrava a Padaria de D. Anita. Seu filho, Egidio Sanfilippo, viria a servir ao Exército, em Aquidauana, onde cultivamos uma grande amizade.

O pai do Luluca era o Sr. Luiz Teixeira Codorniz (irmão do Sr. Mário Codorniz)

O Sr. Luiz era o chefe da Empresa de Navegação Bacia do Prata, uma autarquia de saudosa lembrança.

Além do Luluca, ele tinha mais três filhos: o Heitor, o Hélio, a Nély (falecidos) e o Carlos Cesar, com quem tive grande convívio no Rio de Janeiro, o qual reside, atualmente, em Belo Horizonte.
Muitas vezes, o remador não era eu, apenas.

Isto ocorria no caso de compras maiores, quando ia a cidade, acompanhado de um dos empregados da Fazenda: o Florisbel Izabelino Jarzon (Pache), irmão do Washington (Gauchi), o Rafael, o Gregório (Tenente paraguaio, veterano da guerra do Chaco), o negro Antonio Paim,
filho de Emerenciano Paim, de Bela Vista, os quais tinham, ainda, a responsabilidade de transportar, em carrinho de mão, as "provistas" adquiridas (mantimentos), até ao local de amarração da nossa chalana.

Foi neste cenário que conheci Luluca, cuja peculiar característica era a fidalga e a afetividadem continuando a cultivar nossa amizade até a presente data, tanto mais porque ele é irmão de meu falecido cunhado, casado com minha irmã Zulmira, o Dr. Hélio Miranda Codorniz, o qual só viria a conhecer quando ambos cursávamos a Faculdade Fluminense de Odontologia, em Niterói, nos idos de 1954, pois quando eu residia em Porto Murtinho, o Hélio estudava fora, em virtude de Porto Murtinho não dispor de colégio ginasial.

Convém registrar que éramos quatro os sul mato-grossenses, estudantes da Fluminense, pois além de nós dois, lá se encontrava o Dr. Odilon Leite Penteado, cuja amizade cultivo e muito me honra, além do Dr. José Pereira da Rosa, de Campo Grande, irmão do Dr. João Rosa, médico e ex-reitor da Universidade, em Campo Grande, também um grande amigo.

É pois, com um misto de satisfação, pela honraria recebida por Luiz Augusto Miranda Codorniz (o Luluca) e, de tristeza, face às suas atuais condições de saúde, esperando que este estado, seja revertido, ou pelo menos, minorado.