Segunda-feira, dia 19 de Novembro de 2007 às 13:20hs
Toninho Ruiz
A loja maçônica Razão é Força de Porto Murtinho, subordinada a Grande Oriente, esteve em festa na última quinta-feira, dia 15, quando um de seus membros foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito Dom Pedro I. Os membros da Razão é Força se reuniram em sessão solene para render a homenagem a Luiz Augusto Miranda Codorniz, conhecido como Sr. Luluca.
Luiz Augusto recebeu a comenda Dom Pedro I pelo reconhecimento pelos importantes serviços prestados por mais de 50 anos dedicados à maçonaria universal em particular do oriente do Mato Grosso do Sul. A comenda foi outorgado pelo grão mestre Geral, o Soberano Laelso Rodrigues.
da qual Pouquíssima pessoas ligada a maçonaria do Estado foram condecorados com essa comenda, para se ter a idéia da importância da homenagem, em Mato Grosso do Sul tem 73 lojas maçônicas, apenas três membros da maçonaria foram condecorado com essa comenda, no Brasil todo foram 30 maçons. A comenda tem esse nome em homenagem a Dom Pedro I que foi o primeiro maçom a desembarcar no Brasil.
A loja maçônica de Porto Murtinho foi instalada no inicio do século passado, até na década de 70 tinha outro nome, mas a partir de 1978 a loja de Murtinho passou a se denominar de “Razão é Força”, o atual venerável (presidente) é Fernando Rodrigues, a loja possui atualmente 19 membros ativos.
Os filhos do homenageado Cláudio Augusto e Sônia Maria Codorniz agradeceram a homenagem que a maçonaria estava realizando. Recentemente Luiz Augusto foi acometido de Acidente Vascular Cerebral – AVC – esta recebendo tratamento, a doença interrompeu suas atividades na loja.
http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=117154
Comentário do Blog:
Conheci "Luluca", logo nos primeiros dias de janeiro de 1941, quando cheguei a Porto Murtinho, vindo da cidade de Miranda, indo morar na Fazenda "Amonguejá", à margem do Rio do mesmo nome, afluente do Rio Paraguai.
Esta fazenda era de propriedade da Florestal Brasileira S/A. da qual meu pai, Afonso Paim, era encarregado.
Saí de Miranda, em trem da Noroeste do Brasil, desembarquei em Porto Esperança, então, fim da linha e tive de esperar o "vapor" Ipiranga, por mais de uma semana, pois naquela época, os navios, que navegavam no Rio Paraguai, não tinham data certa de chegada, pois dependia de disponibilidade de carga para transportar, já que, no caso deste navio, carregava uma "chata" (barco cargueiro, sem motor) de cada lado da náu motora.
En Porto Murtinho, devido o caminho alagadiço, em época chuvosa, o melhor acesso ao "comércio" da cidade era através de chalana, descendo o rio Amonguejá, remando entre camalotes, passando pela "Ponta" (sítio localizado à foz desse pequeno rio, onde se situava a residência do Professor Bonifácio), navegando, a seguir, pelo Rio Paraguai, enfrentando ondas, provocadas por fortes ventos, em determinadas épocas do ano e, certas horas do dia.
Amarrávamos nossa canoa, no interior da Florestal Brasileira, a grande fábrica exportadora de tanino, então a base da economia de Porto Murtinho, ou nos dirigíamos ao porto da cidade, tendo, nas suas proximidades, a casa comercial da Marica e do José Pucu (a palavra pucu significa "comprido, em guarani) e o açougue do Tito Ayub.
Entre outros estabelecimentos comerciais de Porto Murtinho, existiam os do Sr. José Ferreira (o Luiz Pretinho) e do Sr. Donato Godoy, com quem tínhamos grande amizade e onde desfrutávamos de um "amargoso", como era designado o chimarrão que, ao lado do "tereré" era de consumo obrigatório, na fronteira com o Paraguai, hoje, hábito muito disseminado em Mato Grosso do Sul, competindo com o chimarrão.
A Florestal, como era habitualmente designada, tinha como Presidente e principal acionista o Dr. Armando Bordallo, residente no Rio de Janeiro, também, proprietário da Fabrica de Calçados Bordallo, a qual concorria com a Quebracho Brasil S/A, situada no porto do mesmo nome, à jusante de Porto Murtinho.
A rua principal de Porto Murtinho, a qual terminava no portão da Florestal, dirigida pelo cidadão português, Sr. Amadeu (Amadeu dos Santos e Silva), cujo escritório era dirigido pelo Sr. José de Mattos, no qual trabalhavam o Sr. Cledon, o Granja, o Sr. Santana (pai do Luíz Carlos Prestes Santana - o Lulun - que foi estafeta dos Correios e Telégrafos em Aquidauana), além de outros, como o português, Baltazar, Chefe do Almoxarifado, de quem me tornei auxiliar, em 1944 (com carteira assinada), juntamente com Félix Féres e Honório (ex-pracinha da FEB).
Ao referirmos à Florestal não é possível olvidar o nome do Engenheiro Dr. Eduardo Hodgson, responsável por toda a maquinaria da empresa, bem como de Antonio Neto de Mello, casado com minha tia Elisa, irmã de meu pai.
Sua filha, Cecília, residente em São Paulo, é casada com Baldomerito, cujo pai, Baldomero Cortada, era uma das personalidades mais expressivas das atividades econômicas murtinhenses.
Na referida rua, ficava a casa Codorniz, de propriedade do Sr Mário Codorniz (tio de Luluca) e da D. Carmem Cortada Codorniz (irmã do Sr. Baldomero Cortada) cujos filhos se chamavam Estela, Sérgio, a Nélida Rosa e o Mário Filho (o Maroco).
Nesse estabelecimento costumávamos adquirir "provista" (em linguagem local e da época) para a fazenda).
Próximo desse armazém, se encontrava a Padaria de D. Anita. Seu filho, Egidio Sanfilippo, viria a servir ao Exército, em Aquidauana, onde cultivamos uma grande amizade.
O pai do Luluca era o Sr. Luiz Teixeira Codorniz (irmão do Sr. Mário Codorniz)
O Sr. Luiz era o chefe da Empresa de Navegação Bacia do Prata, uma autarquia de saudosa lembrança.
Além do Luluca, ele tinha mais três filhos: o Heitor, o Hélio, a Nély (falecidos) e o Carlos Cesar, com quem tive grande convívio no Rio de Janeiro, o qual reside, atualmente, em Belo Horizonte.
Muitas vezes, o remador não era eu, apenas.
Isto ocorria no caso de compras maiores, quando ia a cidade, acompanhado de um dos empregados da Fazenda: o Florisbel Izabelino Jarzon (Pache), irmão do Washington (Gauchi), o Rafael, o Gregório (Tenente paraguaio, veterano da guerra do Chaco), o negro Antonio Paim,
filho de Emerenciano Paim, de Bela Vista, os quais tinham, ainda, a responsabilidade de transportar, em carrinho de mão, as "provistas" adquiridas (mantimentos), até ao local de amarração da nossa chalana.
Foi neste cenário que conheci Luluca, cuja peculiar característica era a fidalga e a afetividadem continuando a cultivar nossa amizade até a presente data, tanto mais porque ele é irmão de meu falecido cunhado, casado com minha irmã Zulmira, o Dr. Hélio Miranda Codorniz, o qual só viria a conhecer quando ambos cursávamos a Faculdade Fluminense de Odontologia, em Niterói, nos idos de 1954, pois quando eu residia em Porto Murtinho, o Hélio estudava fora, em virtude de Porto Murtinho não dispor de colégio ginasial.
Convém registrar que éramos quatro os sul mato-grossenses, estudantes da Fluminense, pois além de nós dois, lá se encontrava o Dr. Odilon Leite Penteado, cuja amizade cultivo e muito me honra, além do Dr. José Pereira da Rosa, de Campo Grande, irmão do Dr. João Rosa, médico e ex-reitor da Universidade, em Campo Grande, também um grande amigo.
É pois, com um misto de satisfação, pela honraria recebida por Luiz Augusto Miranda Codorniz (o Luluca) e, de tristeza, face às suas atuais condições de saúde, esperando que este estado, seja revertido, ou pelo menos, minorado.
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